novembro 26, 2005

Uma das questões que enfrentamos na Epistemologia - a antiga Teoria do Conhecimento - diz respeito às provas da existência do "mundo exterior". Mundo exterior aqui significa a plétora de objetos e realidades que estão "fora" de nós.

Esta primeira afirmação necessita de alguns esclarecimentos:

(a) Objetos: são todas as coisas que nos cercam as quais incluem desde mesas, canetas, cadeiras até pessoas. Podemos dizer que acontecimentos são objetos exteriores a nós, Contudo, um acontecimento é algo que afeta uma estrutura de objetos. Por exemplo, coisas que acontecem numa floresta são acontecimentos, mas neste caso o interesse são as coisas que fazem parte da floresta: as árvores, passáros, etc. Todas estas coisas são objetos exteriores a nós.

(b) "fora de nós": esta expressão traz consigo uma problemática filosófica enorme. A divisão de um ser humano em "dentro/fora" é resultado de argumentação filosófica a qual se enraíza em nossa história cultural. Certamente que podemos afirmar que existem certos acontecimentos que se dão em nosso interior. Por exemplo, dores de estômago ou dores de garganta e coisas assim. Contudo, a expressão "interno a nós" tal como é aqui utilizada, diz respeito a aconteciemntos e objetos que não podem ser vistos e verificados por outras pessoas. Por exemplo, uma dor de cabeça. Pode ser mais complicado que isto; por exemplo, a depressão. Depressão parece ser uma doença (não sei!) que apresenta dupla face: por um lado pode ser causada por algum evento exterior, por exemplo certas vivências ou emoções. Por outro lado, problemas com remédios de longo uso ou problemas alimentares, podem causar depressão. Neste ultimo caso, a depressão não será diagnosticada com sendo a causa do uso prolongado de certos remédios ou da carência de certos elementos químicos no sangue, antes, serão estes fatos avaliados pelo médico que irão indicar a existência da depressão. A discussão é longa. O que de fato interessa é notar que "interno", no sentido de dentro do sujeito, implica em "privado" ou inacessível aos outros. Este aspecto se reflete no senso comum quando dizemos "Apenas eu sei o que é viver com esta tristeza" e expressões deste tipo.

Ora, dadas estas definições pode-se agora formular a questão epistemológica quanto ao estatuto de nosso conhecimento da "mente" de outras pessoas. Ou seja, se tudo que está fora de nós é público e comprovado através da argumentação que apela para a verificação, como sabemos que outras pessoas possuem mente. Não temos acesso ao mundo interior dos outros, apenas ao que apresentam públicamente, isto é, seu comportamento. Contudo, do fato de que alguém se comporta como se possuísse dores, não posso inferir com toda certeza que está com dores. Apenas o comportamento nos servirá de indicação? Teremos apenas inferências por analogia com nosso próprio caso?

Além disto, dadas as definições de "objeto exterior" e "interior a nós" que outras conclusões se poderia inferir?

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