agosto 19, 2009

Filosofar quer dizer "afastar-se" - não das coisas concretas, mas das interpretações de cada dia. E isso não porque resolvemos ser diferentes e pensar de modo diverso dos outros, mas porque, de repente nos é mostrado um novo aspecto das coisas. É que nas coisas do dia-a-dia nos aparece o aspecto mais profundo da realidade, o qual não precisa ser procurado numa esfera do "essencial", separado do "concreto"; o olhar voltado para as experiências diárias descobre algo que não é de cada dia, algo que não é imediatamente evidente nas coisas. A atitude em que, desde sempre, se colocou o início de qualquer Filosofar é a ADMIRAÇÃO.

É pelo fato da filosofia começar pela admiração que se manifesta o carater fundamentalmente antiburguês da filosofia; a admiração é alguma coisa que não é burguêsa. Seja-nos peritido usar esta palavra com alguma liberdade [palavras minhas: o burguês é aquele tipo de pessoa que sempre pergunta: "e o que é que eu vou ganhar com isto?"].O que sinifica o emburguesamento do espírito? Significa antes de mais nada, adotar, de maneira definitiva e compacta, o mundo das necessidades imediatas da vida, em que as coisas perdem sua transprarência e nem mais se suspeita da existênbcia de um mundo mais profundo, mais essencial, "invisível", o das essências; quem assim não mais se extasia, seu espírito embotado de burguês tudo julga evidente. Mas, na verdade, o que é evidente neste mundo?

Texto entre colchetes de Arturo Fatturi
Extraído de Josef Pieper, O que é Filosofar? O que é Acadêmico?, São Paulo, EPU, 1981 (original em Alemão), pg. 26 - 27

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